Sem show ou pedalada, torcida vibra até com treino físico da seleção
A eletricidade no ar respirado nas ruas de Soweto era evidente. O mais famoso distrito sul-africano, um símbolo da luta contra o apartheid, fervia. Nos arredores do estádio de Dobsonville, uma elegante estrutura de metal erguida em meio às casas baixinhas do distrito, a aglomeração aumentava. A ansiedade era traduzida em canções e gritos de "Brasil".
De repente, um murmúrio. A poeira vermelha levantada pelo vento anunciava a chegada do comboio. Mais de quinze carros da polícia e de serviços de emergência de Joanesburgo e, no meio deles, um ônibus verde-amarelo. Quinhentas pessoas, entre velhos, crianças e jovens - todos negros - vibravam e esperavam. Uma breve visão, uma foto de perto, quem sabe um autógrafo, um sorriso ou um olhar. Às 15h28m, hora local (10h28m de Brasília), o ônibus embicou na Rua Sifuba para delírio das vuvuzelas. A seleção brasileira de futebol tinha chegado.
Mas muita gente desistiu de ir. O estádio não ficou lotado. O público começou a se acomodar no estádio sob um sol tímido. E a seleção conseguiu, ao entrar no campo, um feito raro na África do Sul: abafar as vuvuzelas. Cerca de duas mil pessoas aproveitaram a oportunidade única de assistir à seleção pentacampeã mundial de perto, mesmo que em um treino. Os sul-africanos vibraram ainda mais intensamente quando, poucos minutos depois de pisarem no campo, os jogadores foram em direção à arquibancada e retribuíram com acenos.
Porém, apesar de toda a empolgação, a temperatura e o treino físico e técnico foram, aos poucos, freando o ânimo dos presentes. Ainda que fizessem festa o tempo inteiro, raros foram os que resistiram ao frio que chegou quando o sol se pôs. Quando a seleção deixou o gramado por volta de 17h30m (12h30m de Brasília), o estádio já estava praticamente vazio.
DA REDAÇÃO A JORNALISTA ANA MARIA GOMES.
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