Moro diz ter seguido Constituição ao divulgar grampo de Lula e Dilma
Em entrevista a um grupo de jornalistas,
publicada neste domingo (30/7) no jornal Folha de S.Paulo, o juiz
federal Sergio Moro defendeu decisão que divulgou conversa entre Luiz
Inácio Lula da Silva e a então presidente Dilma Rousseff, em março de
2016. “Foi seguida a Constituição. Dentro de uma democracia liberal como
a nossa, é obrigatório que essas coisas sejam trazidas à luz do dia”,
declarou o juiz.
O ministro Teori Zavascki, antigo relator de recursos da operação
“lava jato” no Supremo Tribunal Federal (morto em janeiro deste ano),
analisou em 2016 que a conduta de Moro foi “descabida” e “equivocada”,
pois envolvia autoridade com foro especial e ocorreu “sem abrigo
judicial, quando já havia determinação de interrupção das escutas”.
Moro já admitiu que Lula e Dilma foram interceptados depois do
horário no qual havia ordenado o fim das escutas. Ainda assim, na
entrevista, ele afirma que “o que aconteceu nesse caso não foi nada
diferente dos demais”, pois “as pessoas tinham direito de saber a
respeito do conteúdo daqueles diálogos” – na conversa, Dilma afirma que
enviaria a Lula um termo de posse como ministro, para ser usado “em caso
de necessidade”.
O juiz também defendeu a grande quantidade de prisões preventivas:
segundo ele, foi necessário “tomar algumas medidas drásticas” para
interromper crimes. Sobre as polêmicas delações premiadas, diz que
ajudaram a reduzir a “sensação de impunidade”. Embora colaboradores
fiquem menos tempo presos, agora eles sofrem consequências e ajudam a
desvendar crimes.
Com respostas breves, o entrevistado evitou comentários a políticos
e ministros específicos e disse que não comentaria a condenação de
Lula: “tudo o que eu queria dizer já está na sentença”. Questionado se
extrapolou a lei na “lava jato”, respondeu que “o Direito não é uma
ciência exata”: “Às vezes, pessoas razoáveis divergem. Faz parte da
aplicação do Direito.”
Nenhum comentário
Deixe aqui o seu comentário!