Cenários iniciais indicam que o PT poderá viver disputa fraticida em 2024 na Capital
Aos 43 anos, ao invés de ganhar maturidade, o PT (Partido dos Trabalhadores) em João Pessoa parece que vai entrar numa temporada pior do que a fase juvenil, na década de 1990 e início dos anos 2000, quando a disputa entre suas várias alas se dava de forma extremamente acirrada.
Menos de 72 horas após o presidente estadual da legenda, Jackson Macedo, externar avaliação de que seria um erro o PT lançar candidato a prefeito em 2024, considerando que o presidente Lula vai precisar fechar alianças com partidos do centro e da direita para conquistar a maioria no Congresso nacional, a deputada Cida Ramos dá de ombros a se lança candidata.
Soma-se ao também deputado Luciano Cartaxo, ex-prefeito da Capital, e que dedicou seus primeiros 15 na Assembleia a fiscalizar a administração municipal e a tentar assumir a liderança da oposição ao prefeito Cícero Lucena, numa clara demonstração de que deseja ser candidato a prefeito
Desse modo, já são três as carentes que se manifestam dentro do PT visando às eleições de 2024: uma que desaconselha o lançamento de candidato e duas candidaturas. O cenário de uma fraticida disputa interna está montado. Talvez até pior do que o cenário de 2020, quando dois grupos se engalfinharam até o fim, um atraído pelo ex-governador Ricardo Coutinho, então candidato a prefeito pelo PSB, e o outro com a candidatura do deputado Anísio Maia.
Relembre-se que a disputa não foi resolvida sequer pela direção nacional do PT, mas na Justiça, que manteve a candidatura de Anísio Maia contra a vontade da Executiva do partido. O desfecho da severa briga interna só ocorreu depois das eleições com intervenção no diretório da Capital e punições e Anísio e aliados, que acabaram deixando a sigla e se filiando ao PSB.
Conhecendo-se o modus operandi da direção nacional petista nos últimos anos, é de se supor que o presidente local, Jackson Macedo, ao desaconselhar o lançamento de candidatura a prefeito em João Pessoa, não esteja falando por si, mas, na verdade, preparando o cenário futuro sob orientação de Brasília.
Além da necessidade do presidente Lula de compor a maioria constitucional no Congresso, algumas causas locais talvez estejam na base da posição externada por Macedo. Em relação ao deputado Luciano Cartaxo, ainda seriam ressentimentos pela forma como ele saiu do PT em 2016. Não lançar candidato a prefeito também seria uma forma de desestimular movimentos do ex-governador Ricardo Coutinho no sentido de ter uma candidatura de seu grupo, o que acabou acontecendo com a rápida inserção de Cida no páreo.
Complicou tudo no PT. Difícil antecipar o que será pior para a legenda em João Pessoa: viver mais uma violenta guerra interna e acabar mal nas urnas ou se ausentar do pleito em nome da governabilidade de Lula?
Seja como for, a impressão é que os petistas vão ficando cada vez mais distantes do poder municipal, conquistado nas urnas em 2012, e esmorecendo o poder do partido no Nordeste.
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